Cotidiano

Farmacêutica estuda durante o sono do filho e passa em medicina

Em 2021, quando a farmacêutica Bruna Mendes, 36 anos, questionou em um grupo do Facebook se conseguiria passar em medicina em uma universidade pública fazendo cursinho só no período da tarde, já que tinha que cuidar do filho bebê, ela recebeu o que precisava: uma chuva de comentários de incentivo.

 

Bruna agarrou a bolsa que havia conseguido e no fim do mesmo ano voltou às redes sociais para comemorar que havia passado na USP, na Unesp e na Unifesp.

 

Hoje, ela cursa o segundo ano na primeira da lista. Com isso, Bruna seguiu o caminho contrário de muitos estudantes, que optam por um curso na área da saúde menos concorrido do que medicina após anos tentando uma vaga em vão.

 

Ela se orgulha da carreira que teve como farmacêutica, época em que viajou o mundo e conquistou cargos em grandes empresas.

 

“Percebi que queria cursar medicina no segundo ano de farmácia na Unicamp. Minha mãe queria que eu fizesse medicina, mas eu estudei em escola pública a vida inteira, via o pessoal se matando, teimei e fui fazer farmácia. Mas fui bem feliz no mercado de trabalho. Viajei o mundo, conheci muitos países. Não tenho do que reclamar. Ganhava bem, tinha uma carreira sólida.”

 

Logo ela se casou e, em 2018, engravidou do primeiro filho, Rafael. Nessa época, morava em Jundiaí e trabalhava no Morumbi. Seria puxado aumentar a família assim. Foi aí que o marido, que também é farmacêutico e médico, sugeriu que Bruna retomasse os estudos para prestar seu antigo sonho. “O filho dá esse motivo para redirecionar a vida”, conta.

 

Bruna estudou até a véspera de dar à luz, mas não criava a expectativa de passar em uma universidade pública. “Como ia resgatar todo esse tempo de estudo? Competir com alunos que estudam em lugares muito bons? Pensava em fazer o Enem para de repente conseguir um Fies”, conta ela.

 

Ela cuidou do filho em 2019. Em 2020, veio a pandemia. E em 2021 foi incentivada por aquele grupo de Facebook a voltar a estudar. Fez um ano de Etapa em Valinhos, a cerca de meia hora de Jundiaí, na turma vespertina, ao lado de jovens que tinham acabado de sair do ensino médio.

 

A rotina a permitia pegar os livros só quando o filho estava na creche ou dormindo. Rafa precisou de cuidados médicos durante os primeiros anos, o que fez com que Bruna ainda tivesse que frequentar consultórios e hospitais.

 

“Estudava muito em recepção de consultório. Quando chegava da aula, ficava com meu filho e meu marido. Às 22h, quando eles iam dormir, começava a fazer os exercícios e ia até as 3h. Depois, acordava às 8h.”

 

O resultado veio logo. No fim do ano, ela recebeu a notícia de que havia passado na Unesp, na USP, na Unifesp e em uma particular de Jundiaí.

 

Texto e foto: reprodução/R7, com edição NH Notícias

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